DIARY · o início
Esta coleção - D I A R Y - foi uma das coleções mais especiais que criei.
Especial por várias razões: pelo motivo pela qual foi desenhada/criada, por todo o seu processo e, claro, por todas as colaborações que envolveu. É sobre estas razões que vos escrevo hoje aqui, para que possam perceber o que me levou a criar esta coleção, o porquê do Diário, o porquê do seu formato e claro, o porquê das colaborações da Mariana e do Frederico.
Comecemos então pela primeira razão: o porquê desta coleção.
Já vos falei um pouco sobre este porquê aqui, quando escrevi a primeira vez sobre esta coleção, mas gostava de vos vos falar um pouco mais sobre este "incentivo" ao registo.
Há muitos anos que sou consumidora de cadernos. Cadernos que acabam por ser muito mais do que um simples registo de tarefas, contas, notas etc. São cadernos que se tornaram diários, diários dos meus dias, meses e anos. Cadernos que contam histórias, cadernos que acabam por contar a minha própria história.
Aos 17 anos, ainda no secundário fiz o meu primeiro diário - um diário apenas gráfico. Um desafio criativo lançado por uma professora mas que acabei por adoptar como prática até hoje. Se esse primeiro diário começou por ser gráfico - com desenhos, colagens, etc. - um incentivo ao desenho e ao exercício criativo, os diários que tenho criado desde então têm um pouco de tudo. Têm desenhos, colagens, bilhetes, palavras soltas, contas, tarefas, planos, ideias. São o reflexo do meu dia-a-dia, desse ano, dessa época da minha vida. Alguns deles são mais criativos, outros bem mais práticos, exactamente o que vai acontecendo na minha vida pessoal e profissional.
Sempre que inicio um destes diários coloco a cidade onde vivo nesse momento e a data. Desta forma consigo, sempre que me apetece, revisitar estes diários e (re)lembrar-me do que andava a fazer nessa altura e até, repescar ideias que tinha tido e das quais já nem me lembrava! (Sim, isto já conteceu!)
Tenho ainda os diários especiais, para viagens especiais, ou algum projecto que sinta que mereça um diário próprio.
E que bom que é revisitar locais que visitámos e pormenores que já nem nos lembrávamos mas que, naquele momento registamos ali no papel!
Foi este conceito de Diário que expliquei à Mariana, há uns meses atrás, quando a desafiei a desenhar o primeiro número desta coleção. Pedi-lhe apenas que desenhasse livremente a sua interpretação de Diário, enquanto objecto de registo.
A Mariana adorou a ideia e este entusiasmo acabou por motivar-me ainda mais!
Avancei com o estudo de formatos, de materiais, de processos de impressão e encadernação, sempre com um objectivo bem presente: o de criar um caderno/diário único e distinto. Um caderno para os amantes do papel, da escrita, do desenho, do registo. Um caderno para quem gosta de ilustração.
Como acontece na maioria das coleções a minha ideia original acabou por ser adaptada, quer por questões de funcionalidade, quer pelas próprias limitações dos materiais que escolhi. Limitações e adaptações que acabaram por ser positivas e motivadoras na criação de um caderno cheio de pormenores únicos.
Idealizei esta coleção, de edição limitada, com uma periocidade anual, com um ilustrador diferente convidado a ilustrar uma edição.
Pelo "caminho"a Mariana foi-me enviando os primeiros esboços (que podem ver na animação acima) e, apesar de adorar todas as ilustrações, acabámos por perceber facilmente quais as ilustrações que funcionavam melhor no Diário, isoladamente e em conjunto.
Desde o início que quis assumir o cartão prensado, irregular, cru e singular, como material principal do caderno. Queria tirar partido da sua textura e contrastá-la com a textura da tela de encadernação.
"Fechei" o formato, o processo de encadernação e o desenho do caderno - assumi o miolo cosido mecanicamente e apenas uma guarda do caderno colada.
A impressão das ilustrações é feita em serigrafia manual, o que acaba por lhe dar uma plasticidade única.
Estudei as cores que resultavam melhor neste material, quais seriam os ajustes que teria de dar na impressão em serigrafia e adaptei a tela de encadernação, o fio para coser o miolo e a cor que iria ter o miolo. Tudo tinha de ficar coerente.
Apesar das cores das ilustrações, e da tela, variarem de ano para ano, o layout e as gravações douradas, em baixo relevo, vão manter-se.
O Frederico veio completar o Diário de forma perfeita. Senti que, para além da ilustração, deveria haver ali algo mais, algo que não fosse óbvio mas que ao ser descoberto fosse a surpresa ideal. Desafiei-o a escrever sobre a ilustração da Mariana e este "casamento" não poderia ter sido mais feliz.
Ao abrirmos o caderno descobrimos as suas palavras, simples e precisas, que completam as ilustrações da Mariana e o conceito de Diário, enquanto registo das nossas ideias e memórias.
Esta coleção, de edição limitada, tem apenas uma tiragem de 200 exemplares e, cada um deles, é carimbado e numerado individualmente. Uma coleção feliz e única, digo eu, a maior suspeita de sempre, claro está! :)
Que me dizem vocês desta coleção? De todo este processo? O que mais gostam? Que ilustradores gostariam de ver envolvidos nesta coleção?
DIARY · the beggining
This collection - D I A R Y - was one of the most special ones I ever created.
For several reasons: the reason why it was first created, its process and, of course, for all the collaborations involved. It is because of all these reasons that I’m writing you here today, so that you can understand what led me to create this collection, why the Diary, why its format and why the collaborations with Mariana and Frederico.
Let's start with the first reason: Why this collection?
I have already written a bit about the why here, when I first wrote about this collection, but I would like to tell you a bit more about this incitement to registration.
I have been an avid consumer of notebooks for several years. Notebooks that end up being much more than a simple registration of tasks, bills, notes etc. Ultimately, they become diaries, journals of my days, months and years. Notebooks that tell stories, notebooks that end up telling my own story.
At the age of 17, still in high school I made my first diary – at the time it was just graphic/visual one. A creative challenge set by a teacher, and something that I kept to this day. However if this first diary began by being graphic - with drawings, collages, etc. - an inspiration to drawing and a creative exercise, the diaries that I have created since then have a bit of everything. They have drawings, collages, tickets, loose words, bills, tasks, plans, ideas. They are the reflection of my day-to- day, on a particular time in my life. Some of them are more creative, others much more practical, reflecting exactly what is happening in my personal and professional life.
Whenever I start one of these diaries I write down the city I live in and the date. This way, whenever I feel like it, I can revisit these diaries and remember what I was doing at that particular time in the past. I have even gone back a (re)used ideas that I had forgotenand can now finally put them to work.
I also keep special journals, for special trips or projects that I feel deserve their own journal.
And how good it feels to revisit places we once visited and details that we don’t remember anymore but at that time we registered there on paper!
This was the concept of Diary that I explained to Mariana a few months ago when I challenged her to draw the first issue of this collection. I simply asked her to freely draw her interpretation of a Diary, as the subject of registration.
Mariana loved the idea and her enthusiasm motivated me even more!
That’s when I started to research layouts, materials, processes of printing and binding, always with a very present goal: to create a unique diary. A notebook for lovers of paper, writing, drawing, and registering things. A notebook for those who like illustration.
As with most collections, my original idea was eventually adapted for both functional reasons and limitations of the materials I chose. Limitations and adaptations that turned out to be positive and motivating in the creation of a notebook full of unique details.
I idealized this limited-edition collection as an annual collection illustrated by a different artist each year.
Throughout time Mariana started to send me a few sketches (which you can see in the animation above) and, despite loving all the illustrations, we easily realized which illustrations worked best with the Diary, alone and together.
From the beginning I wanted to use the paperboard as the main material of the notebook, for its irregular, raw and singular characteristics. I wanted to take advantage of its texture to contrast with the texture of the binding screen.
I also decided the format, the binding process and the drawing of the Diary - I chose the middle to be sewn mechanically and only one of the covers of the notebook glued.
The illustrations are made using hand pulled screen printing, which gives it a unique plasticity.
I studied the colours that would work best for this material, what adjustments I would have to make to the screen print, and adapted the binding screen, the sewing thread, and the color that would be the in core. Everything had to be consistent.
I drew the for the spine and front of the Diary and decided that they will always be debossing in gold for all the numbers of this collection. Although the colours of the illustrations, and the canvas, will vary each year, the layout and the golden engravings will be maintained.
Frederico completed the diary perfectly. I felt that, in addition to the illustration, there should be something else there, something that was not obvious and when discovered would be an ideal surprise. I challenged him to write about Mariana's illustrations and this combination couldn’t have been happier.
When you open the notebook, you discover his simple yet precise words, which complete the illustrations of Mariana and the concept of Diary.
This collection is a limited edition of 200 exemplars only, each one is stamped and numbered individually. A happy and unique collection, I must say.
What do you think about this collection and all this process? What did you like the most? What illustrators would you like to see involved in future diaries?