quando o desperdício vira matéria-prima
Hoje falo-vos um pouco mais de uma ideia que há muito tempo me acompanha mas que só agora, que estou perto dos (sabe-se lá quantos) maços de papel que acumulei ao longo destes anos e também de quem me ajuda a trabalhar o papel, pude finalmente dar vida.
É uma nova coleção que surge com o intuito de demonstrar como alguns dos papéis, que em tempos foram apenas sobras ou desperdícios, podem ser uma matéria-prima com um potencial único.
São, essencialmente, papéis que não chegaram a ser usados, excedentes de coleções, rascunhos diversos e (talvez os meus favoritos) papéis com acertos de cor - necessários em alguns processos de impressão.
Sempre que pude acompanhar estes processos, que implicam um considerável número de papel para testes de cor, pedia para ficar com aquilo que era considerado lixo. Sempre me meteu imensa confusão ver aquele papel - com uma plasticidade incrível - não ter outro aproveitamento.
Não é a primeira vez que o faço - já lhes dei vida em embrulhos, em blocos e faço-o ainda com os nossos cartões de agradecimento - mas é a primeira vez que os desperdícios assumem o protagonismo de uma coleção no beija-flor. Uma edição limitada e a primeira (assim espero!) de várias com esta matéria-prima.
Passei muitas horas no chão da minha sala (uma espécie de atelier improvisado) a escolher, dobrar, cortar, acertar e alcear papéis para chegar a estes cadernos únicos. Foi um trabalho moroso e muito minucioso, procurando criar as conjugações mais felizes - entre cores, texturas e enquadramentos - tudo pensado e escolhido ao pormenor. Levou muito mais tempo do que contava, mas ainda assim valeu todo o tempo investido. Aliás, atrevo-me a dizer que o sentirão em mãos.
Sobre o formato e a forma desta coleção conto-vos mais já de seguida, por agora quis mesmo só sobre este processo que é a base de toda a coleção e que fez toda a diferença no resultado final.