até já Porto, olá Terceira!
E o cliché “A vida dá tantas voltas!” ganhou, para nós uma reforçada validação.
Se algum dia acharia que poderia estar a viver numa Ilha? Não, de todo. Mas se é bom cá estar? É. Muito.
Entre a decisão de sairmos do Porto e a mudança para a Terceira, propriamente dita, passaram-se apenas 3 meses. 3 meses completamente loucos e muito cansativos. Não vos minto, o grande entusiasmo inicial a determinada altura do processo de mudanças, esmoreceu um pouco. Fazer mudanças é o caos, fazer mudanças com um bebé é o duplo caos… ora se lhe juntarem processos logísticos entre continente/ilhas e muito trabalho para gerir em mãos, têm a receita perfeita para atingirem um nível de cansaço extremo. Foi um exercício grande este de pensar, e repensar, tudo o que trouxemos, o que necessitaríamos mesmo para viver, o que era indispensável e o que poderíamos abdicar. De como levar o beija-flor para outra cidade, adaptar processos de trabalho, produção, fornecedores, etc, etc.
Mas conseguimos, mudámos e cá estamos. Mas só o conseguimos com muita ajuda. Nunca esqueceremos as muitas mãos dos amigos que ficaram com o João enquanto fechávamos caixas, as refeições que nos trouxeram quando metade da louça já estava embalada e cozinhar se tornava um desafio quase impossível, ou as mãos que carregaram uma casa cheia, 3 vãos de escada abaixo. Temos os melhores por perto e, nestes meses, pudemos percebê-lo como nunca.
Vivi no Porto 10 anos, os melhores anos da minha vida, diga-se.
Comecei por viver numa casa onde não conhecia ninguém e tive muita sorte com as pessoas que ali conheci. Vivi no Bonfim, na Bouça e por fim (e por mais tempo) na Boavista. Reforcei amizades e fiz novas, das mais improváveis e das mais fortes.
Foi também no Porto que comecei o beija-flor, que me levou por caminhos totalmente inesperados na minha vida profissional.
Encontrei o amor da minha vida também no Porto e foi lá que decidimos viver em conjunto, casar e formar família. O nosso João nasceu no Porto. Por tudo isto, e muito mais, é-me impossível não adorar esta cidade.
Mas a vida no Porto tem também alguns desafios, custos, que nos últimos anos se redobraram. Não me vou alongar muito sobre isto, são mais do que conhecidas e faladas estas questões.. mas o certo é que isto também começou a afectar-nos. E daí repensarmos bem a nossa vida. Metermos tudo em cima da mesa e, sem que nada o fizesse prever, surge a oportunidade de virmos viver para os Açores.
Hesitámos, estranhámos mas logo a seguir avançámos. Dissemos sim mesmo antes de conhecer a Ilha. Somos malucos, eu sei. Mas viva a loucura e a intuição!
Fizemos um plano de mudanças, um calendário (mais ou menos) exequível e, 3 meses depois cá estamos.
Não é fácil estarmos longe dos nossos, sabemos que temos muitos desafios e privações pela frente, mas sabemos também que somos uns sortudos. Foi uma escolha nossa, estamos juntos e numa terra maravilhosa, com pessoas muito acolhedoras.
E é desta terra que hoje vos escrevo, é desta terra que espero partilhar novos projectos e novas conquistas.
É desta terra que recomeçamos.
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